Ao levar minha namorada para pegar o ônibus, me deparei
com uma linda tarde chuvosa. Ficamos conversando, e me pego perplexo, ao
perceber a felicidade que me invade por me deparar com a simplicidade ser um
momento infinito.
O asfalto reflete o céu acinzentado, os carros, as
árvores e, principalmente, a vida. Vida essa que se passa despercebida em meio
a todas as nossas preocupações cotidianas e, de certo modo, desimportantes em
meio a imensidão de uma vida, mesmo que curta, indescritível com as minhas
palavras humanas.
Pouco tempo depois de ela subir ao ônibus e nos
separarmos, continuo sentado, e num momento repente, me sinto parte do todo.
Enquanto todos correm da chuva, ou passam protegidos pelo teto de seu
automóvel, ou guarda-chuva, eu fico, e me pergunto: o que há de tão importante
para todas essas pessoas estarem perdendo esse momento de incrível explosão de
vida, que eu, ali parado, pude perceber. Ou será que tal beleza foi apenas
fruto da minha imaginação? Quem pode saber? Apenas sei que, por alguns
instantes, e um silencio (de palavras) o vazio do mundo foi preenchido, consigo
sentir, mesmo que sem entender, tudo aquilo que as palavras não me explicaram
até hoje.
Percebo como a felicidade pode ser simplória, e logo me questiono
como isso nos foi “tirado”?
Como é que nos fizeram acreditar que para sermos felizes
precisamos de algo mais, algo esse que o mundo não nos provém. Quem é que
inventou uma mentira tão boa, que fez as pessoas desacreditarem da “verdade”?
Mentira essa, que transforma a curta vida humana numa corrida eterna em busca de "um nada", que faz com que todos deixem de
ver o crescimento de seus filhos, o nascer do sol, o brilho das estrelas, o
cair de uma folha, uma tarde chuvosa.
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