quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ainda há Resistência

Ainda há Resistência!

Por vezes me pego sem esperança, quando percebo realmente o mundo em que vivemos, vejo pessoas tristes, pessoas sem rumo, colocando suas esperanças em sonhos que lhes são impostos, e mesmo sem saber carregam, sem levar nenhum crédito por isso, todo um sistema opressor e abusivo. Um sistema que se mantém graças aos calos dos dedos do trabalhador, ao exaustivo trabalho do pedreiro, ao inacabável trabalho exercido pelo gari, e inúmeras outras profissões que sustentam o mundo em que vivemos hoje.

Pessoas que são condicionadas a se sentirem inferiores de inúmeras formas, por suas roupas já em flagelos, sua aparência cansada, sua força insuficiente no fim de semana que o impede de viver para si, pois tem de viver para continuar a sustentar o sistema durante os dias da semana, esperando a inalcançável recompensa de um dia ter a tranquilidade e a liberdade para poder realizar suas vontades de infância. Vontades estas que lhe foram roubadas por uma realidade completamente falsa que lhes ensinaram durante sua formação.

Que engenheiro poderia se gabar de seu diploma, sair com seu carro importado para ir comer nos mais caros restaurantes de suas cidades, não fossem os ombros exauridos dos pedreiros que carregam blocos de tijolo ao longo de toda sua vida. Pedreiro este que constrói sua casa, e as casas de seus parentes sem nenhum auxílio de engenheiro, mestre de obras ou algo tipo. Porque esse pedreiro é condicionado a pensar que deve se submeter ao engenheiro que de independente não tem nada, e nada seria dele, não fosse o bravo pedreiro para construir o pedestal em que ele sobe para se vangloriar de suas baboseiras conquistadas.

Ainda sonho com o dia em que todos vão perceber sua real importância, e que esse mundo há de virar de cabeça para baixo, ou melhor, vai se libertar dessa falsa imagem que hoje está mostrada de ponta cabeça, um dia em que essas resistentes pessoas que construíram o mundo como conhecemos, vão se dar conta da força que têm, e que não irão mais acreditar nessa submissão a que lhes é imposta, que irão perceber que podem sobreviver sem o engenheiro, sem o empresário, sem o banqueiro. Perceberão então que são autossuficientes.

A força desse condicionamento, força dessa mídia mentirosa e traiçoeira que só serve aos interesses dos dominares é tão grande, que consegue tapar os olhos das pessoas com suas mentiras, tornando a visão do cidadão que luta por sua família tão turva, que mal consegue perceber a importância que tem, graças a um condicionamento que lhe é passado dia após dia nos jornais da televisão.

O inimigo é poderoso, e joga baixo, tão baixo que por vezes, acho que meu sonho, não passa de um sonho. Mas é possível perceber que ainda há pessoas que lutam contra essa dominação, mesmo que seja uma luta longa e exaustiva, um dia vamos virar o jogo e fazer justiça a toda a injustiça cometida contra nós.

De hoje em diante, olho nos olhos de nossos dominadores, encaro-lhes com toda a vitalidade que possuo em minha essência, declaro guerra contra todas essas suas mentiras, e prometo lutar, até o ultimo suspiro de vida de meu corpo contra sua injustiça, utilizar todas as armas que por mim foram conquistadas, por mais que seja um grito isolado, não é um grito solitário. Grito esse que ganha cada vez mais força, a cada bala injustamente disparada contra nossos filhos, nossas mães, a cada pessoa morta na fila do hospital, a cada porta fechada para um jovem pobre, nossa força aumenta, pois saiba você que nossos ombros estão calejados, e nossas pernas, mesmo que fartas, ainda caminham em direção a liberdade que nos foi tirada em prol de seus caprichos e sua ânsia por dominação


Pois mesmo contra toda a sua força, seu poder, ainda há resistência! Não se esqueça! Ainda há resistência!

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Reflexões de Uma Tarde Chuvosa

Ao levar minha namorada para pegar o ônibus, me deparei com uma linda tarde chuvosa. Ficamos conversando, e me pego perplexo, ao perceber a felicidade que me invade por me deparar com a simplicidade ser um momento infinito.

O asfalto reflete o céu acinzentado, os carros, as árvores e, principalmente, a vida. Vida essa que se passa despercebida em meio a todas as nossas preocupações cotidianas e, de certo modo, desimportantes em meio a imensidão de uma vida, mesmo que curta, indescritível com as minhas palavras humanas.

Pouco tempo depois de ela subir ao ônibus e nos separarmos, continuo sentado, e num momento repente, me sinto parte do todo. Enquanto todos correm da chuva, ou passam protegidos pelo teto de seu automóvel, ou guarda-chuva, eu fico, e me pergunto: o que há de tão importante para todas essas pessoas estarem perdendo esse momento de incrível explosão de vida, que eu, ali parado, pude perceber. Ou será que tal beleza foi apenas fruto da minha imaginação? Quem pode saber? Apenas sei que, por alguns instantes, e um silencio (de palavras) o vazio do mundo foi preenchido, consigo sentir, mesmo que sem entender, tudo aquilo que as palavras não me explicaram até hoje.

Percebo como a felicidade pode ser simplória, e logo me questiono como isso nos foi “tirado”?
Como é que nos fizeram acreditar que para sermos felizes precisamos de algo mais, algo esse que o mundo não nos provém. Quem é que inventou uma mentira tão boa, que fez as pessoas desacreditarem da “verdade”?


Mentira essa, que transforma a curta vida humana numa corrida eterna em busca de "um nada", que faz com que todos deixem de ver o crescimento de seus filhos, o nascer do sol, o brilho das estrelas, o cair de uma folha, uma tarde chuvosa.